Um dos grandes desafios de pais e responsáveis é montar uma lancheira atraente e que atenda às necessidades das crianças fora de casa, como na escola, por exemplo. Alimentos rápidos e práticos como salgadinhos, biscoitos recheados e sucos de caixinha estão entre os preferidos. Mas, quando ingeridos de forma excessiva, podem influenciar no risco de doenças como hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia e obesidade, que nas últimas décadas vem aumentando consideravelmente em crianças, o que influencia no crescimento do interesse dos pais por mais informações sobre a montagem do lanche para a escola e alimentação infantil.
Em outra direção, há muitos pais mais conscientes sobre a saúde de seus filhos e dispostos a comprar opções mais saudáveis, com conteúdo nutritivo e sem a presença de conservantes, que é um dos ingredientes que mais desagradam estes compradores.
Esses fatores estão alimentando o crescimento do mercado de lanches infantis em todo o mundo. E, enquanto algumas empresas tornaram-se mais competitivas com o lançamento de linhas adaptadas a este público, com o apelo de saudabilidade e opções mais nutritivas, outras têm adaptado seus itens para chamar a atenção das crianças, com a inclusão de brinquedos dentro de seus produtos, por exemplo.
A lancheira dos brasileiros
Um questionário (quem realizou este questionário e em que período?) com quase 2,5 mil mães de todas as regiões do Brasil mostrou que as crianças brasileiras entre 7 e 11 anos têm o hábito de realizar lanches intermediários, com maior frequência durante a tarde. A lancheira é normalmente composta por três grupos de alimentos: biscoitos, frutas e iogurtes, revelando um consumo expressivo de açúcar adicionado e sódio.
O estudo “Consumo alimentar e adequação nutricional em crianças brasileiras: revisão sistêmica”, realizado em 2015 por Carolina A. Carvalho e outros com mais de 3 mil crianças de 2 a 6 anos, revelou que elas consomem 30% mais gordura saturada do que o recomendado. Consolidou também dados alarmantes sobre carência de nutrientes: 29% tinham inadequação de vitamina E e 90% de vitamina D. Além disso, 45% das crianças acima de 4 anos não atingiram a recomendação de cálcio e apenas 5% não mostraram deficiência no consumo de fibras.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o valor energético dos lanches corresponda a aproximadamente 10% do valor energético total. Ou seja, no Brasil ainda há muito espaço para o crescimento de opções mais saudáveis para a hora do lanche, que supram as necessidades diárias das crianças e as ajudem a ter um desenvolvimento físico e intelectual mais sólido.
Mas afinal, do que elas realmente gostam?
Preferências de sabor mudam de acordo com a idade
Embora o paladar se forme muito cedo, as crianças ainda experimentam mudanças nos sabores de que gostam à medida que crescem, o que aumenta a necessidade de adaptação do lanche para a escola em cada nova fase.
As menores de 7 anos tendem a gostar de sabores naturais, simples e fáceis de entender. Os clássicos como baunilha, chocolate e morango, além de combinações como pêssego e mirtilo, costumam funcionar bem.
Crianças entre 8 e 12 anos preferem sabores mais excitantes, “fantasias”, como por exemplo um sorvete do Super-Homem, por exemplo. Essas combinações também funcionam em chicletes, bebidas e iogurtes. Frutas do mundo real com nomes exóticos, como a fruta do dragão, também podem satisfazer o desejo dessa faixa etária em ser mais aventureira com seus alimentos e bebidas.
Já os adolescentes preferem sabores mais adultos, como café ou chocolate. Os aromas de chocolate projetados para as crianças menores tendem a ter mais notas lácteas, enquanto para os adolescentes podem incluir nuances como mocha ou cappuccino. Essa faixa etária também gosta de extremos, como cafeína extra, picante ou azedo.
Muitas marcas já têm explorado o segmento de lanches para as crianças, unindo sabor e saudabilidade. Confira alguns exemplos:
Desafios e conclusões
A propaganda de salgadinhos e lanches que não são ricos em nutrientes ainda é o principal impulsionador do crescimento desse mercado-alvo, o que torna o processo de desenvolvimento de alimentos e bebidas saudáveis ainda mais desafiador. De acordo com o estudo do Alimentando Políticas, projeto independente, de pesquisa, criado e mantido pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), sucos (81%), refrigerantes (54%) e iogurtes (28%) estão no topo da lista dos alimentos preferidos para o consumo infantil. A pesquisa também descobriu que as preferências de doces das crianças têm um ponto em comum com as da maioria dos consumidores: o sabor é o fator de compra número um. Logo, estratégias de novos produtos devem levar em conta palatabilidade e harmonia entre os ingredientes, a fim de garantir que a alimentação infantil em diversas ocasiões de consumo seja mais agradável e nutritiva.