A pandemia acelerou uma tendência crescente nos últimos anos: o interesse das pessoas por produtos que auxiliem a vencer o cansaço e manter a alta performance no trabalho e nos estudos. Marcas de diferentes categorias como bebidas energéticas, sucos, chás, águas saborizadas, suplementos e chocolates já se movimentam para oferecer a funcionalidade procurada com ajuda de nootrópicos naturais, entre eles a cafeína, ginseng, maca e vários outros
Se antes da pandemia, a rotina agitada já pedia estoques extras de energia e disposição, novos hábitos e estilos de vida nascidos a partir dela, como o trabalho home office, em que o mesmo espaço físico passou a ser compartilhado simultaneamente com trabalho, filhos, tarefas domésticas, estudo e lazer, têm exigido muito mais esforço para uma considerável parcela da população.
São tempos em que sobram episódios de ansiedade e estresse, levando pessoas a terem cada vez mais interesse por produtos que as ajudem a cuidar melhor da saúde física, mental e emocional.
Alimentos, bebidas ou suplementos que facilitem o enfrentamento desses desafios diários, relacionados ao conceito de mood food, são cada vez mais bem-vindos, seguindo tendências para 2021 mapeadas por agências de inteligência de mercado, com a Feed The Mind, da Mintel, e a Mood: The Next Occasion, da Innova Market Insights.
A saúde mental, o bem-estar holístico, é mais importante do que nunca, constatou a Innova em levantamento feito no ano passado em países como Reino Unido, Estados Unidos, Brasil, França, Índia, Alemanha, México, China e Indonésia:
– 53% dos consumidores indicaram que tomaram iniciativas para melhorar o seu bem-estar físico;
– 44% dedicaram-se à melhoria do bem-estar mental e emocional;
– e 32% envolveram-se em alguma atividade espiritual.
A pandemia acelerou um processo que ainda levaria alguns anos para se concretizar. E, pelo que os estudos indicam, a saúde imunológica continuará importante para muitos consumidores, mesmo após a vacina.
E a natureza, com a sua inesgotável fonte de ativos, é cada vez mais esperada nos produtos pelos consumidores, com ingredientes funcionais que proporcionem o bem-estar em forma de energia, disposição e foco.
Um plus na performance do cérebro
Há muitas maneiras para marcas de alimentos e bebidas aproveitarem esse movimento de autocuidado: além da preocupação com a responsabilidade ambiental, que é cada vez mais importante para o consumidor, é preciso pesquisar produtos que o ajudem a ter mais concentração e energia, e a lidar com o estresse, conforme aponta no estudo “2021 Food and Drink Trends”, da Mintel.
Nessa busca, as bebidas vêm se destacando como a categoria mais consumida, principalmente pela conveniência em atender as necessidades do consumidor em relação à aparência e forma de consumo, melhores possibilidades de armazenamento e chances de incorporar nutrientes e compostos bioativos.
Em sua página na internet (https://www.robertofrancodoamaral.com.br), o médico patologista Roberto Franco do Amaral Neto, pós-graduado em nutrologia, destaca o uso de alimentos nootrópicos, que são substâncias que aumentam o foco, a atenção, a memória e o raciocínio.
O café, o chocolate e o ginseng são exemplos de nootrópicos naturais (substâncias que aumentam a capacidade cognitiva cerebral) consumidos pelos homens desde a antiguidade. Mais recentemente, novos compostos descobertos, mais potentes em alguns casos, estão reforçando as oportunidades de inovação de produtos para a saúde e bem-estar mental.
Segundo a Innova Market Insights, os nootrópicos estão ganhando terreno tanto no mercado de suplementos dietéticos quanto no mercado geral de alimentos e bebidas, com declarações “nootrópicas” específicas testemunhando um crescimento médio anual de 62 por cento (Global, CAGR 2016-2020). Outras reivindicações importantes giram em torno da memória, foco mental, agilidade, clareza, desempenho, resistência, bem como propriedades antiestresse, ansiolíticas, reconfortantes e calmantes.
No mercado, por exemplo, é possível incentivar a energia mental com chocolate amargo de alta qualidade. O Peak Focus conta com nootrópicos naturais, incluindo cogumelo juba de leão, extrato de chá verde, ginkgo biloba, cafeína natural e vitaminas B.
A cafeína é o nootrópico mais usado em bebidas porque aumenta o estado de alerta. No entanto, especialistas alertam que é preciso ter cuidado, pois pode criar tanto problemas quanto soluções.
Uma saída é combinar doses menores de cafeína com nootrópicos que visam diferentes áreas cognitivas para um impulso cerebral diferente.
Disputas entre categorias e oportunidades
Ricos em cafeína, os energéticos, antes com consumo mais voltado para o desempenho físico, agora vêm ganhando espaço na vida de quem busca um produto que o ajude a vencer o cansaço e melhorar o desempenho no trabalho, com mais disposição, foco e energia.
Além de investir na comunicação neste sentido, para avançar, a categoria precisa também olhar melhor par as versões zero açúcar, por exemplo, diante da rejeição crescente dos consumidores ao açúcar.
Na América Latina, as bebidas energéticas de baixa caloria tem ganhado destaque, segundo a Mintel.
Os refrigerantes também começam a disputar este mercado lançando versões com cafeína, como a versão lançada pela Coca-cola em diversos países, além das águas saborizadas, dos sucos e também dos chás.
É neste ritmo que as empresas seguem em busca de inovação, com 52% dos lançamentos globais apresentando alegações de vitaminas / minerais adicionais, e a participação de lançamentos sem açúcar saltando de 20% para 25% entre 2019-20, de acordo com a Mintel.
A cafeína provavelmente será mais prevalente nos lançamentos de refrigerantes, sucos e águas neste ano (2021) e também em 2022.
Confira, a seguir, alguns lançamentos de produtos funcionais com foco em energia e concentração no Brasil e no mundo em diferentes categorias:
Água com gás e com benefícios
A água com gás é uma das bebidas de crescimento mais rápido na indústria dos Estados Unidos, conforme pesquisa da Mintel. Atrás dela, aparecem as bebidas esportivas, que estão em busca de mais espaço, reduzindo o conteúdo artificial.
Na corrida por mais saúde e imunidade, a tendência é que cresça a procura por alternativas que substituam o refrigerante, por exemplo. Uma escolha é apostar na água com gás com sabor.
Nos EUA, segundo a Mintel, 71% dos usuários de água com gás dizem que é uma boa alternativa ao refrigerante.
Só que para garantir que a água com sabor concorra efetivamente com as bebidas rivais, as marcas precisam consolidar as credenciais de saúde ao fortalecer as receitas e comprovar efeitos.
Em 2020, houve um recorde de alta participação de lançamentos globais de água com sabor apresentando declarações funcionais (17% de todos os lançamentos) e vitaminas / minerais fortificados (19% de todos os lançamentos). É provável que esse crescimento continue, mas com informações mais evidente na embalagem.
Futuro promissor para quem busca bem-estar
Pesquisas mostram um futuro promissor e cheio de opções para quem busca uma vida mais saudável nesses tempos de pandemia, em que o estresse e a ansiedade crescem, impondo a necessidade de mais cuidado com a saúde física, mental e emocional.
Alimentos e bebidas têm potencial ainda pouco explorado para ajudar a equilibrar o humor e as emoções, de acordo com a tendência global de alimentos e bebidas de 2021.
As marcas não estão alheias a essas transformações. Ao contrário: investem para criar novas formulações funcionais, bem como produtos alimentícios e de bebidas com cores, texturas, aromas e outros envolvimentos sensoriais satisfatórios que oferecem “conforto” aos consumidores.
Para você, quais são os principais desafios e oportunidades nessa área? Conte para nós!
Confira também:
[eBook] Mood food: Como aplicar o conceito na indústria de alimentos e bebidas