Facebook Pixel O processo criativo para o desenvolvimento de novos alimentos e bebidas já não é mais o mesmo - Blog - Duas Rodas

O processo criativo para o desenvolvimento de novos alimentos e bebidas já não é mais o mesmo

abril 10, 2019

Tempo de leitura7 minutos

O comportamento do novo consumidor, a evolução exponencial inteligência artificial e as mudanças nas agências regulatórias têm influenciado cada vez mais os movimentos do mercado. Em entrevista ao blog, a Sra. Inovadeira Cristina Leonhardt analisa o novo cenário e apresenta recomendações às indústrias de alimentos na busca pela assertividade em lançamentos e sucesso nas gôndolas.


 

O processo criativo para desenvolver novos alimentos e bebidas definitivamente não é mais o mesmo. A era da conectividade, o avanço veloz das tecnologias e a profunda transformação no comportamento das pessoas em todo o mundo são aspectos que pressionam por mudanças fundamentais em todo o processo. Diferentes atores começaram a ser promovidos para papéis de destaque no palco do processo criativo. E eles precisam ser considerados para quem quer conquistar o interesse do consumidor e seguir competitivo no mercado de alimentos e bebidas.

Se até bem pouco tempo atrás a maioria dos projetos nascia em reuniões de brainstorming internas de áreas da indústria como as de P&D, Marketing e Comercial, por exemplo, hoje este script passa a contar com outros personagens. O consumidor, mais ativo, exigente e crítico, está assumindo o papel de protagonista da cena.

 

“Não adianta mais empurrar produtos para o consumidor e a indústria já está se dando conta disso”, afirma a engenheira de alimentos Cristina Leonhardt, fundadora do site Sra. Inovadeira e co-fundadora da Tacta Food School. “

 

Isto porque o consumidor, agora, de fato tornou-se rei, segundo ela. Com acesso fácil às informações, ele ampliou as expectativas em relação à alimentação e busca, além da indulgência e nutrição, benefícios adicionais como os funcionais, por exemplo. E este mesmo consumidor quer conhecer cada vez mais todos os passos do processo de produção do produto que está consumindo.

Com mais de 15 anos de atuação na área de pesquisa e desenvolvimento em indústria de alimentos, Cristina identifica outros atores despontando no processo:

“Temos que considerar as agências regulatórias. Vemos importantes movimentações da Anvisa e também do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) aqui no Brasil. Ainda se leva muito tempo para vários processos, mas se a gente olhar 10 anos atrás, levava muito mais. Uma das movimentações é a de desregulamentação, com foco mais forte no pós-mercado.”

 

Em entrevista concedida ao blog Flavors & Botanicals, durante o evento Horizonte 2019, que contou com patrocínio da Duas Rodas, Cristina sinaliza para a inteligência artificial como outro ator de destaque que está surgindo no mercado global:

 

“Há empresas que já utilizam a inteligência artificial e estão se apropriando de uma nova forma de fazer desenvolvimento de produtos, que permite, por exemplo, acelerar as etapas do processo e encontrar alternativas que não teriam sido encontradas sem auxílio de algum algoritmo. Eu vejo que estas empresas que já estão usando, aprendendo a usar, estão na frente de outras que seguem no processo tradicional.”

 

Ao considerar este novo cenário, Cristina apresenta algumas recomendações às indústrias para ajudar a tornar, desde a etapa de ideação, o processo criativo mais assertivo e com maiores probabilidades de lançar um produto de sucesso no mercado:

 Olhar além da categoria, se aventurar em outros setores:
 “Às vezes, a gente fica muito preso a um determinado setor (alimentos) e acaba esquecendo de olhar outros setores. Se a gente está falando de criatividade, está buscando inspiração para criar este produto, acho isso interessante. Se não for possível ir tão longe, pelo menos olhar outras categorias, quem está em biscoitos olhar o que está acontecendo em carnes, em cerveja, em sorvetes, por exemplo. E tentar entender o que aqueles movimentos querem dizer e como se refletem também no meu mercado, afinal de contas é o mesmo consumidor. Então, se a gente pode observar as outras categorias, a gente também pode enxergar, talvez, o futuro da nossa categoria.”

 Não ficar isolado e olhar além das indústrias:
“Vejo muitas indústrias olhando o que os concorrentes estão fazendo, o que o mercado está lançando no mundo ou no Brasil. Sugiro que se vá além disto, porque se a gente quer ser criativo, inovador, precisa lançar coisas que não são existentes.”

Aproximar-se do consumidor:
“Defendo que a indústria se aproxime o máximo possível do consumidor, aceite certas mudanças dele sem achar que sejam ataques a ela, quando, na verdade, podem ser oportunidades para que ela mesma se reinvente e mude. Uma forma de aproximar-se é trazendo o consumidor para dentro, para desenvolver produto junto com a indústria. As pessoas gostam muito de colaborar com os processos de desenvolvimento. E existem plataformas de inovação colaborativa, como a Planta, que eu particularmente gosto muito, e que fazem isto.”

 

A aplicação de metodologias de desenvolvimento de produtos, como o design thinking e ferramentas de inovação, também tem sido um caminho de aproximação, principalmente quando são utilizadas para entender melhor as necessidades e os desejos dos consumidores. As entrevistas com profundidade são um exemplo, indica Cristina:

“Eu não sairia fazendo uma reunião de brainstorming dentro da empresa para decidir que produto lançar. Eu sairia para o mercado, entrevistaria quanto mais pessoas fosse possível, das regiões e do mercado que são alvo do meu interesse, e a partir daí, nutrida com essas informações, eu usaria os relatórios de inteligência para dar apoio às minhas decisões. Daí, sim, eu poderia usar brainstormings internos para a gente fazer ideação interna, mas sempre com pano de fundo as entrevistas com pessoas reais. Às vezes, a indústria acha que as pessoas são de uma forma e, quando as entrevista, descobre que elas são de formas completamente diferentes.”

 

Cristina visualiza ainda outro caminho para aproximação da indústria com o consumidor, para ganhar a confiança dele: a transparência de informações. “Falar em transparência é também mostrar erros e acertos, não só acertos. É conversar com o consumidor, apresentando não somente o resultado, mas também as pedras encontradas no caminho para chegar ao produto final. É contar, por exemplo, como são desenvolvidos os produtos lançados no mercado. Isto também pode ser uma forma de se aproximar do consumidor, que está meio arredio ultimamente”, assinala.

Os novos tempos estão promovendo profundas transformações, com inegáveis reflexos também no mundo da alimentação. Considerar os atores que estão assumindo papéis de destaque na cena atual passa a ser um movimento estratégico para pautar a competitividade dos negócios.

 

Para você, estas mudanças podem ser vistas como oportunidades? Como a sua empresa está interagindo com os novos atores em seus processos criativos de desenvolvimento de produtos? Conte para nós!

 

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