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Experiências amplificadas: o que os consumidores esperam no pós-pandemia?

maio 4, 2022

Tempo de leitura8 minutos

Inovações de propostas em aromas, sabores e texturas, colaborações entre marcas e interações tecnológicas são alguns dos caminhos para proporcionar entretenimento e diversão em diferentes momentos de consumo.


Alimentos e bebidas servem, cada vez mais, como uma maneira de encontrar o conforto e a diversão que os consumidores tanto desejavam. Foi assim durante a pandemia e, com sua desaceleração, as possibilidades se ampliaram.

Sentir-se bem tornou-se o resultado esperado em todas as interações, sejam com pessoas ou com um produto. Os consumidores também estão se esforçando para transformar sua percepção em uma visão mais otimista. Na América Latina, este comportamento se torna mais latente. 

Isso significa que à medida que os consumidores expandem seu conceito de saúde para incluir o bem-estar mental, eles também esperam que as experiências proporcionem sentimentos como felicidade, conforto e segurança, constata a Mintel, empresa de inteligência de mercado.

Para a Euromonitor, a pandemia fez com que os consumidores promovessem uma grande renovação de vida (The Great Life Refresh), resultando em mudanças pessoais drásticas e uma reinicialização coletiva de valores e objetivos. Em 2015, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado, apenas 12% dos consumidores priorizavam o tempo para si mesmos, o que dobrou para 24% em 2021. Os consumidores agora têm uma valorização maior para o equilíbrio trabalho-vida. 

Essa transformação continuará a ser a tendência dominante que caracteriza mudanças de estilo de vida a curto prazo. Para responder a esse momento, a Euromonitor recomenda que as empresas inovem em bens, serviços e experiências. 

Olhando para a indústria de alimentos e bebidas, as marcas do setor terão a oportunidade de desenvolver soluções para refeições, lanches, sobremesas e bebidas que amplifiquem aromas, sabores, cores, texturas e interatividade para criar experiências memoráveis em itens e atividades cotidianas, tanto no mundo real como no virtual.

Além disso, o entretenimento não precisa ser uma experiência que se restringe ao produto, mas, sim, é um atributo que pode ser experimentado em todos os pontos de contato com a marca, por meio de recursos digitais, por exemplo. Por outro lado, os consumidores tenderão a aproveitar mais suas vidas off-line, com tudo voltando ao normal.

A Mintel reforça que as marcas também precisarão considerar seu posicionamento e seu público-alvo ao desenvolverem essas estratégias e inovações, afinal, há muitos aspectos que precisam ser considerados, como guloseimas de baixo preço para quem está preocupado com o bolso, luxos acessíveis e até mesmo experiências para aqueles dispostos a pagar caro por um serviço ou produto.

Já para os consumidores que ainda permanecem cautelosos em se aventurar fora de casa, as marcas podem oferecer oportunidades de diversão dentro de casa, com kits de refeições, aulas digitais de culinária e receitas gamificadas, e existem marcas investindo nisso. 

Sabores amplificados

A Innova Market Insights constatou que mais de 1 em 2 consumidores globais dizem que “pós Covid-19, eu quero me aventurar em minhas escolhas de comida e bebida”. Esses mesmos consumidores afirmaram que gostariam de ver mais colaborações tecnológicas para criar sabores, texturas ou combinações de formatos indulgentes.

Eles anseiam por estímulos sensoriais e propostas lúdicas e, a partir disso, as marcas podem criar combinações de sabores para desafiar os sentidos. 

A Starbucks, por exemplo, fez uma parceria com a Nestlé para lançar bebidas RTD (ready to drink) que misturam o destilado ou cerveja com sucos, chás e refrigerantes 

de dois dos produtos mais vendidos da Starbucks, o Doubleshot e o Frappucino, no mercado latino-americano. A solução busca atender aos desejos dos jovens da região e permite que a Starbucks e a Nestlé sejam relevantes em ocasiões de relaxamento em casa. 

Na Austrália, a Magnum lançou sabores inspirados em Amsterdã, Taiti e Nova York para ajudar a satisfazer o desejo de viajar durante a pandemia. Outro exemplo de inovação em sabores vem da The King of Beers, que se reuniu com a marca de pipoca mais famosa do Reino Unido para lançar a pipoca oficial da Budweiser. 

A Innova destaca que o clima de celebração está estimulando o desenvolvimento de produtos inusitados, como é o caso da Nissin que, para celebrar seu aniversário de 50 anos, lançou a linha de refrigerante Cup Noodle Soda. Quatro de seus sabores mais populares e mais vendidos – original, frutos do mar, curry e tomate chili – foram transformados em bebidas gaseificadas no Japão.

Por falar em bebidas, a Coors Seltzer trouxe o nostálgico sabor “creme de laranja” para sua linha, além de ter lançado o formato sorvete junto de uma sorveteria de Nova Iorque.

RTD Starbucks e Nestlé
Bebidas RTD da parceria entre Starbucks e Nestlé.
Magnum Austrália
Lançamentos da Magnum Austrália.
Pipoca Budweiser
Pipoca oficial da Budweiser, lançada no Reino Unido.
Bebidas gaseificadas Nissin
As bebidas gaseificadas da Nissin, lançadas no Japão.
Sorvete Coors Seltzer
Sorvete da Coors Seltzer, de Nova York.

Comida interativa 

No Brasil, 66% dos consumidores dizem que a maioria de suas atividades de lazer envolvem o uso de tecnologia digital, segundo a Mintel. Portanto, estratégias voltadas para o digital são imprescindíveis quando se fala em promover novas experiências aos brasileiros.

Neste sentido, a crescente popularidade dos jogos apresenta oportunidades para gamificar as atividades cotidianas, como na hora de cozinhar. Os fãs de Call of Duty, por exemplo, inspiraram a criação de um novo vinho na Argentina.

Nos Estados Unidos, o preparo de refeições e lanches para o dia dos jogos de futebol americano é um ritual importante para muitos fãs. Por isso, a Pepsi decidiu realizar uma parceria com o quarterback Josh Allen para compartilhar um momento especial. A marca levou o jogador para dentro da casa dos fãs de forma virtual a fim de incentivar as pessoas a cozinharem seus snacks favoritos ao lado de Allen. O app de realidade virtual da Pepsi inclui receitas de comidas e bebidas, como o clássico sanduíche de carne de porco. Uma solução que usa o digital para criar experiências off-line

Outro exemplo de interação que equilibra o on e off-line é o da Reese’s Puffs, que criou embalagens que interagem com o público também por meio da realidade aumentada. A parte de trás da caixa de cereal inclui um layout onde os pedaços de cereal podem ser colocados e, com o aplicativo PuffFX, batidas musicais são geradas com base em onde os cereais são colocados.

No segmento de food service, o restaurante Kappa Sushi, no Japão, leva para casa mais do que a comida, mas sem precisar lançar mão de recursos digitais para isso. A rede aluga a esteira de sushis para utilização em domicílio, ideal para momentos diferenciados em família ou entre amigos.

A Euromonitor reforça que os modelos de negócio precisam criar uma experiência perfeita para o cliente, independentemente do canal. Para a empresa, enquanto os consumidores estão comprando on-line por conveniência ou segurança, eles também anseiam por conexões interpessoais significativas. Portanto, usar uma abordagem híbrida para atender à nova norma dos consumidores é crucial. 

Outro ponto destacado no relatório da Euromonitor sobre tecnologia e experiência de consumo é em relação a um público que ela chama de “planejadores de backup“, que está disposto a pagar mais para ter acesso prioritário a seus itens preferidos ou exclusivos. Com as cadeias de abastecimento ainda impactadas por causa da pandemia, esses consumidores usam a tecnologia para passar à frente na fila, contando com serviços de assinatura ou compra de grupo comunitário para garantir as entregas. Eles também podem pagar mais para obter o primeiro acesso aos seus produtos, o que abre oportunidade para desenvolvimento de itens de pré-venda com valor premium. 

Além disso, aplicativos móveis com listas de espera digitais e filas permitem que os consumidores garantam seu lugar na fila e ajudem as empresas a controlar o tráfego. De olho nesse movimento, a PepsiCo lançou dois sites diretos ao consumidor ainda em 2020. Os consumidores podem encomendar pacotes especializados, como Rise & Shine e Workout & Recovery, em PantryShop.com ou comprar itens individuais no Snacks.com de alimentos da PepsiCo e portfólio de bebidas.

Wine of Duty
Wine of Duty, o primeiro vinho nascido no mundo virtual.
Quarterback Josh Allen Pepsi
Por meio de um app de realidade aumentada, a Pepsi levou o quarterback Josh Allen para dentro da cozinha dos americanos.
Aplicativo PuffFX
Com o aplicativo PuffFX, batidas musicais são geradas com base em onde os cereais são colocados na embalagem.
Esteiras Kappa Sushi
A rede Kappa Sushi, do Japão, disponibiliza esteiras para refeições em casa, criando a mesma experiência do restaurante.

Os estudos de tendências, além das soluções lançadas recentemente pela indústria de alimentos e bebidas, indicam alguns caminhos para inspirar as marcas no desenvolvimento de soluções que envolvam os sentidos dos consumidores. O objetivo é criar conexões legítimas e descontraídas, que ajudam a proporcionar momentos mais leves e descontraídos, como querem os consumidores. 

Os modelos de negócios tradicionais e redes de logística também estão sendo desafiados. As empresas precisam evoluir tão rapidamente quanto o comportamento do consumidor está mudando, recomenda a Euromonitor. Para isso, a experiência do cliente deve ser multifacetada e personalizada. Nesse sentido, os modelos híbridos de negócios permitem que as empresas girem entre compromissos presenciais e virtuais enquanto o futuro próximo permanece imprevisível.

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