Consumidores estão sempre buscando inovações. Para uma marca acompanhar essa dinâmica, precisa ser capaz de, não só produzir essas inovações, mas também disponibilizá-las ao mercado. Esse movimento não é simples e, por isso, tem se tornado cada vez mais comum a utilização de ferramentas e processos que auxiliem a coordenar e direcionar essas etapas, sendo a cocriação uma delas.
Ao abordar um desafio, o uso de metodologias que fazem o time trabalhar junto contribui para resultados mais satisfatórios para toda a cadeia, desde clientes até gestores da marca. Existem ferramentas específicas, originárias da área de tecnologia e informação, que podem ser aplicadas a qualquer área de negócio e que ajudam a trazer mais efetividade e foco no funil de inovação como um todo. Para esse grupo de metodologias e práticas, se deu o nome de Metodologias Ágeis.
A indústria alimentícia utiliza métodos ágeis em vários perfis de projetos, desde aqueles que envolvem engenharia em plantas de produção e logística aos de pesquisa e desenvolvimento de produtos. Estes projetos tendem a ser multidisciplinares, por isso essa metodologia é amplamente utilizada, tanto para facilitar a gestão dos times, como para garantir que todos os pontos de vista estão sendo considerados e avaliados.
O Método Ágil é um conjunto de práticas e ferramentas utilizadas para a cocriação de produtos e serviços herdada de desenvolvedores de softwares a partir da década de 80. Antes de criar este método, o desenvolvimento de software se inspirava na construção civil, em que o engenheiro projetava um prédio, levantava todos os recursos, desenhava cada uma das fases para, então, começar a construção em si e realizar uma única entrega, a entrega final. Porém, esse modelo se mostrou ineficiente e moroso. Da planta inicial até a execução era necessário muito tempo, tornando a proposta não condizente com o cenário atual. Além do uso irracional dos recursos, tanto humanos, quanto financeiros, o projeto não trazia assertividade. Nesse contexto, um grupo de 17 pessoas se juntaram e, compartilhando suas experiências, criaram o Manifesto Ágil, que traz quatro valores que norteiam os frameworks, ou seja, as estruturas que serão seguidas em todo o projeto. São eles:
1.Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas: é interessante pensar que o Método Ágil valoriza a cocriação e a interação entre as pessoas, tanto entre o time da empresa quanto com o do cliente. Essa interação auxilia nas atividades do dia a dia, e a ter uma entrega mais assertiva.
2.Software em andamento mais do que documentação abrangente: no desenvolvimento tradicional, existiam os requisitos detalhados, numa documentação extensa e burocrática; já no Ágil, é valorizado muito mais o projeto pronto, sua documentação é mais simples, e a entrega para o cliente é mais rápida e prática.
3. Colaboração com o cliente mais do que negociação de contrato: esse terceiro valor reforça que a atuação é em conjunto com o cliente e não contra ele (e vice-versa). As decisões são tomadas em conjunto colocando todos em busca de um único objetivo.
4. Responder a mudanças mais que seguir um plano: este quarto e último valor trata as mudanças como um fator muito bem-vindo. Desta forma, quando muda-se o contexto é preciso de adaptação e e refazer os planos de acordo com o novo cenário. Muito mais importante do que seguir planos engessados.
O Método Ágil norteia estruturas de trabalho, e dentro disso existem algumas ferramentas para colocar essa metodologia em prática. Uma das mais conhecidas e aplicadas é o Scrum: um framework de gestão de projetos ágeis, que permite os times entregar, desenvolver ou melhorar um produto complexo, que pode ser aplicado a qualquer contexto: desafios de RH, marketing, jurídico, P&D, dentre outros. Imagine um projeto de lançamento de um novo produto alimentício com maior velocidade, colaboradores envolvidos nas soluções, engajados e assertivos. Isso é possível ao aplicar tal metodologia.
No Scrum, as entregas acontecem em interações em grupos, chamadas de Sprint, que são a separação de projetos maiores em ciclos de entregas menores, muito mais fáceis de controlar, gerenciar e responder a mudanças. Ao iniciar um projeto, inicia-se uma grande lista de afazeres, chamada de backlog do produto, onde são listadas todas as tarefas a serem executadas durante o processo de desenvolvimento. Esse backlog pode ser feito digitalmente ou até mesmo fisicamente, num quadro branco, por exemplo. Diante disso, cada tarefa, ou grupo de tarefas listadas, é submetida ao Sprint.
A partir disso, inicia-se o Scrum. Durante esse período, são realizadas 4 cerimômias com o objetivo de manter o alinhamento entre os integrantes do projeto. São elas:
Assim, fecha-se um ciclo e dá-se início ao próximo, até o final do projeto, mantendo todo o processo mais consistente e melhor gerenciado.
As ferramentas apresentadas aqui podem ser aplicadas a inúmeras áreas e se apresentam comprovadamente ágeis em seus resultados, por isso, são muito utilizadas em empresas pequenas com menores recursos, como start ups, que necessitam aproveitar ao máximo a performance de cada colaborador da empresa e gerar soluções assertivas. Além do benefício organizacional, tais metodologias também trazem mais clareza e foco aos funcionários, que sentem-se mais engajados e motivados a cocriar.
Estes tipos de metodologias trazem agilidade e transparência para a organização, como também a necessidade de uma certa dose de coragem para mudar o status quo da empresa. A decisão de seguir com este tipo de método geralmente vem da liderança, que guia os times para uma nova cultura interna. É importante, antes de iniciar a adoção destes processos, que a empresa já desenvolva um diagnóstico de seu grau de vontade e confiança para inovar e compartilhar as estratégias com seus times operacionais.